Como pode o Judaísmo e o Cristianismo serem desvios do Islam se este surgiu bem depois daqueles?

Como pode o Judaísmo e o Cristianismo serem desvios do Islam se este surgiu bem depois daqueles?

Em nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso!

Primeiramente, devemos destacar que a pergunta contém um erro, pois parte da premissa falsa de que o Judaísmo e o Cristianismo que temos hoje permaneceram inalterados desde a época das respectivas revelações.

Dizer que o Povo do Livro (judeus e cristãos) recebeu Profetas e Livros anteriormente à Muhammad (SAW) não é o mesmo que dizer que aquelas doutrinas permaneceram imaculadas. Mesmo que adotemos a presunção favorável a esses grupos, ela não se mantém diante, dentre outros, do critério da originalidade, que é a qualidade do que é original, que nos remete ao início, à base, à pureza.

Por exemplo, imaginemos um rio. Se alguém quiser encontrar água pura, deve ir à nascente ou à foz? Ou alguém compraria da mão de intermediários um produto sem os respectivos lacres? Portanto, para emitir um juízo a respeito da originalidade da religião, devemos voltar nossos olhos para o início, fazendo, por exemplo, a seguinte pergunta: qual foi a religião de Abraão (AS)?

Mesmo se formos investigar a religião de Abraão (AS) a partir da Bíblia, concluiremos facilmente que ele não era nem judeu nem cristão. Segundo o entendimento judaico ortodoxo, judeu seria aquele nascido de uma mãe judia. Inclusive, o próprio nome da religião (Judaísmo) nos remete a um critério racial: os descendentes de Judá, um dos 12 filhos de Jacó, neto de Abraão, que a paz de Deus esteja com eles. Igualmente descabida é a afirmação de que ele teria sido cristão. Como se sabe, a crença cristã estabelecida depois dos conflitos dos primeiros séculos gira entorno da divindade de Jesus (AS) ou, no mínimo, do acesso ao perdão dos pecados e, portanto, à salvação por intermédio do sacrifício de sangue dele na cruz. Ora, não há, mesmo na Bíblia, qualquer indício de que Abraão (AS) tenha crido em qualquer outra divindade além de Deus (Allah) ou no conceito de trindade, muito menos de que ele teria alcançado a justificação diante de Deus por intermédio de um sacrifício divino ou humano. Seria insano até mesmo imaginar Abraão (AS) praticando rituais cristãos como natal, páscoa com “ovos” de chocolate, santa ceia etc.

Muito bem, e o que nos leva a crer que Abraão (AS) foi um muçulmano? Ora, muçulmano é a transliteração palavra árabe (مسلم), que tem por significado “aquele que se submete a Deus voluntariamente”. De fato, essa foi a essência da conduta e, portanto, da religião de Abraão (AS), seja quando ele deixou a casa do pai dele para se afastar da idolatria (Gênesis 12) seja quando esteve disposto a sacrificar o próprio filho (Gênesis 22).

Isto posto, vemos, claramente, que a religião de Abraão (AS) não foi outra senão o ato de ser submisso a Deus, de forma a ele ter sido um muçulmano. E não se trata de mero jogo de palavras. Os pilares mesmo do Islam e da fé islâmica são totalmente compatíveis com Abraão (AS).

São pilares do Islam (i) o testemunho de fé de que não há divindade além de Deus (crença no monoteísmo) e de que Muhammad é o mensageiro de Deus (crença no profeta de Deus), (ii) o estabelecimento da oração, (iii) o pagamento de Zaqat (caridade obrigatória), (iv) o jejum no mês do Ramadan e (v) a peregrinação à Kaaba (casa sagrada em Maka), se a pessoa tiver condições disso. No mesmo sentido, estão os 6 pilares da fé, que são a crença (i) em Deus (Allah), (ii) nos anjos dEle, (iii) nos Livros dEle, (iv) nos Profetas dEle, (v) no Último Dia e (vi) nos Decretos Divinos, sejam eles bons ou maus* [Sunan Ibn Majah, 63].

Como fica claro, não há nada incompatível com os tempos de Abraão (AS). Vejamos, agora, o que o Sagrado Alcorão nos diz sobre esse assunto:

E quem, pois, rejeita a crença de Abraão senão aquele cuja alma se perde na inépcia? E, com efeito, escolhemo-lo na vida terrena, e por certo, na Derradeira Vida será dos íntegros.Quando seu Senhor lhe disse [a Abraão]: “Islamiza-te.” Disse: “Islamizo-me, para O Senhor dos mundos”. Alcorão 2:130-131.

Vemos aqui a confirmação de que a essência da religião é a submissão voluntária a Deus (Allah) e não o pertencimento a uma determinada linhagem, como querem os judeus, ou a aceitação do “sacrifício divino”, como querem os cristãos.

Por fim, está longe de dúvidas razoáveis que Abraão (AS) foi um muçulmano e que a religião original é o Islam, a qual fora corrompida pelos povos anteriores até que Allah, louvado seja, enviou o último dos profetas, Muhammad (SAW), para recuperá-la e aperfeiçoá-la.

Que a paz de Deus esteja com os bem encaminhados!

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1 comentário

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Ahmed Daniel

Allahu akbar, excelente postagem, que mais pessoas se revertam, verdadeiramente, a religão de Abraão (alaihi wasalam), monoteísta sincero.

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