O crime mais grave da democracia
Em nome de Allah, O Clemente, O Misericordioso
Em artigo anterior, lemos que a democracia não passa de uma falácia utilizada por demagogos para manipular o povo e rebelar-se contra Allah. Neste, in sha Allah, veremos qual é o crime mais grave decorrente dessa ideologia.
Para melhor compreensão do tema, cabe, de início, destacar em que sentido uso as palavras crime e democracia.
Emprego a palavra crime no seu sentido moral, como toda a conduta que atente contra os valores humanos mais nobres, como a religião, a família, a natureza humana, a decência, a liberdade de consciência etc. A respeito da democracia, refiro-me ao governo oligárquico cujo discurso legitimador fundamenta-se na vontade majoritária (ou vontade geral) da população.
Cabe destacar, em apertada síntese, que, na perspectiva jurídica, crime é toda a conduta, cumulativamente, típica, ilícita e culpável. Típica em razão de ela estar prevista em lei como sendo crime, por exemplo, “matar alguém”. Ilícita no sentido de a legislação não prever alguma situação específica que exclua a ilicitude daquela conduta, por exemplo, “legítima defesa” e, por fim, culpável seria a capacidade mental do agente de entender o que está a fazer.
Em relação à democracia, não a uso no sentido de governo do povo, pois isso é impossível, como vimos no artigo supracitado, tampouco no sentido de regime de governo que proporcione a dignidade humana, a justiça e o bem, pois esses valores não têm, necessariamente, relação com a democracia.
É livre de qualquer dúvida razoável que alguns valores são tão importantes para a humanidade que chegam a ser até característicos dela. Ou seja, são valores próprios do ser humano, na ausência dos quais a própria essência humana fica abalada. Temos conhecimento desses valores por intermédio da nossa intuição, da história dos nossos ancestrais e, principalmente, da revelação divina.
Ocorre que nós, enquanto seres humanos, vivemos numa contínua tensão entre o imediato, mas fugaz, e o mediato e perene. Isso é vivenciado em diversas situações, como, por exemplo, em relação à alimentação. As pessoas que se alimentam levando apenas em consideração o desejo imediato, sem se atentarem para a qualidade nutricional e para a quantidade de alimento, no futuro, costumam arcar com consequências indesejadas. Algo semelhante acontece com aqueles que preferem o prazer imediato do descanso em detrimento do esforço na construção ou desenvolvimento de algo muito necessário.
Pois bem, conseguimos claramente compreender que a nossa vontade imediata não pode ser o único parâmetro ou o parâmetro mais importante de escolha, de tomada de decisões. É necessário ter conhecimento acerca das consequências e ponderar a respeito delas. É necessário considerar a experiência dos que vieram antes de nós. É necessário, muitas vezes, contrariar a nossa vontade imediata para que uma realização mais plena e duradoura seja conquistada. Em suma, é necessário decidir a partir de valores ou princípios.
A democracia, por sua vez, nos leva a crer que as decisões devam ser tomadas com base na vontade. Nesse sistema, é a vontade majoritária que deve prevalecer e essa concepção é um terreno fértil para os demagogos de plantão. Para aqueles que, semelhante Satanás, buscam instigar as pessoas a darem lugar às suas vontades mais imediatas e insensatas.
Se partirmos da âmbito social mais elementar, que é a família, podemos ter um bom exemplo da estrutura social divinamente estabelecida. Os filhos estão debaixo da autoridade daqueles mais velhos e experientes, que têm a missão de limitar constantemente os impulsos momentâneos daqueles a fim, inclusive, de preservar-lhes a saúde e a sobrevivência. Vejamos o que diz o Sagrado Alcorão:
وَإِن تُطِعْ أَكْثَرَ مَن فِى ٱلْأَرْضِ يُضِلُّوكَ عَن سَبِيلِ ٱللَّهِ ۚ إِن يَتَّبِعُونَ إِلَّا ٱلظَّنَّ وَإِنْ هُمْ إِلَّا يَخْرُصُونَ
E, se obedeces à maioria dos que estão na terra, descaminhar-te-ão do caminho de Allah. Não seguem senão conjeturas e nada fazem senão imposturar. (Alcorão 6:116).
Nesse texto, Allah, O Sábio, instrui o Profeta Muhammad (S.A.W.) a não se deixar impressionar pela maioria numérica de forma que a adote como critério de julgamento. Ou seja, trata-se, claramente, do mandamento de que a vontade majoritária não deve ser adotada como critério legitimador das decisões, particularmente, se essa vontade se confrontar com o mandamento divino.
Como prova da veracidade das palavras de Allah transcritas no Sagrado Alcorão, temos, justamente, os crimes da democracia, dos quais o mais grave é a ofensa à religiosidade consubstanciada no desprezo aos critérios estabelecidos por Allah em favor da vontade humana, como vimos em artigo anterior. É que, quando se concebe a ideia de democracia, automaticamente, se exclui ou, ao menos, se enfraquece no coração do indivíduo o temor a Allah, pois se passa a considerar a vontade como o critério de julgamento por excelência.
Como a religiosidade (compreendida, aqui, como a crença e o temor a Allah, consubstanciados, respectivamente, na consciência transcendental e imaterial e na obediência às normas divinas) é um valor, que, por excelência, nos dignifica enquanto seres humanos, sem o qual, inclusive, estaríamos no mesmo patamar dos animais (ou até pior), a violação desse valor é o mais grave crime cometido pela democracia e que dá origem a todos os outros, razão suficiente pela qual essa ideologia deve ser rechaçada.
Não há como comparar a capacidade humana de racionalidade, compreensão e sabedoria com a divina. Allah é o Criador de todas as coisas e, Ele mesmo, não foi criado tampouco depende de algo. Por essa razão, quando somos agraciados por uma revelação divina, nossa postura deve ser a de submissão plena e imediata em nosso próprio favor e para a nossa própria dignidade.
هُوَ ٱلَّذِى بَعَثَ فِى ٱلْأُمِّيِّـۧنَ رَسُولًۭا مِّنْهُمْ يَتْلُوا۟ عَلَيْهِمْ ءَايَـٰتِهِۦ وَيُزَكِّيهِمْ وَيُعَلِّمُهُمُ ٱلْكِتَـٰبَ وَٱلْحِكْمَةَ وَإِن كَانُوا۟ مِن قَبْلُ لَفِى ضَلَـٰلٍۢ مُّبِينٍۢ
Ele é Quem lhes enviou um Mensageiro vindo deles, o qual recita Seus versículos para eles, e os dignifica e lhes ensina o Livro e a Sabedoria. E por certo, antes, estavam em evidente descaminho. (Alcorão 62:2)
Portanto, é da essência da democracia a violação ao valor humano mais nobre, que é a religiosidade, o que degrada a própria essência humana e sua dignidade. Em substituição a essa ideologia, são os critérios de Allah que devem ser adotados como parâmetros de decisão quanto ao certo e ao errado e quanto aos fins a serem perseguidos, haja vista Ele ser o nosso Criador e saber mais e melhor.
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