A extinção das vovós

Em nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso

Os tempos modernos são marcados pelo princípio da igualdade de gênero, segundo o qual homens e mulheres devem ter os mesmos direitos e deveres na sociedade e devem perseguir os mesmos objetivos. Tal demanda por igualdade apenas foi possível a partir do momento em que os homens instituíram forças de segurança pública e desenvolveram máquinas que transformaram o ambiente externo ao lar menos perigoso, exaustivo e insalubre. Sim, esses incrementos sociais foram o plano de fundo para que as mulheres se convencessem de um dos sussurros satânicos mais letais dos nossos tempos: o lugar de mulher é onde ela quiser!

De fato, muita energia tem sido gasta na afirmação do princípio da igualdade de gênero. São inúmeros os meios pelos quais essa ideologia é propagada, desde filmes, seriados, romances, legislações, palestras, literatura de todos os seguimentos, noticiários, propaganda político-partidária e até de púlpitos religiosos. Isso mesmo, púlpitos religiosos! Mesmo que essa afirmação colida frontalmente com os textos religiosos e com a tradicional interpretação deles, o cristianismo já foi quase totalmente subjugado por essa ideologia e o mesmo tem ocorrido com muitas lideranças muçulmanas.

Sendo assim, as mulheres (ou, pelo menos, a maioria esmagadora delas e até de muitos homens) creram que Allah ordenara-lhes a priorização da permanência em suas casas, a custódia da honra e a obediência aos respectivos maridos apenas para humilhá-las e subjugá-las de modo que vivessem uma vida triste e sem perspectivas. Por essa razão, haver-se-ia que virar o jogo! A mulher, então, deveria buscar ser igual ao homem, buscar ser forte e independente, deixando o ambiente doméstico e, consequentemente, os filhos, para se imiscuir em assuntos políticos. A mulher deveria também buscar ter uma profissão e uma carreira. Seria necessário bradar para os quatro ventos que LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER!

É, mas, um dia, a conta chega e caro!

Allah, o Altíssimo, é livre de imperfeições e o que ele nos ordena não é senão para nos dignificar (Alcorão 4:26-28; 5:6). Por outro lado, Satan, nosso inimigo declarado, deseja desviar-nos o que ele promete à humanidade não passa de vã esperança. Analisemos o seguinte texto do Alcorão Sagrado:

وَلَأُضِلَّنَّهُمْ وَلَأُمَنِّيَنَّهُمْ وَلَـَٔامُرَنَّهُمْ فَلَيُبَتِّكُنَّ ءَاذَانَ ٱلْأَنْعَـٰمِ وَلَـَٔامُرَنَّهُمْ فَلَيُغَيِّرُنَّ خَلْقَ ٱللَّهِ ۚ وَمَن يَتَّخِذِ ٱلشَّيْطَـٰنَ وَلِيًّۭا مِّن دُونِ ٱللَّهِ فَقَدْ خَسِرَ خُسْرَانًۭا مُّبِينًۭا

“E certamente descaminhá-los-ei e fá-los-ei nutrir vãs esperanças e ordenar-lhes-ei que cortem as orelhas dos animais de rebanho e ordenar-lhes-ei que desfigurem a criação de Allah.” E quem toma Satã por aliado, em vez de Allah, com efeito, se perderá com evidente perdição. (Alcorão 4:119)

Nesse texto, Satan, depois de ser amaldiçoado por Allah, fez essa declaração em ódio à humanidade, que é diretamente aplicável ao assunto em questão.

Semelhantemente ao que ocorreu com nossos pais no Jardim do Éden, quando Satan aconselhou-os a comer do fruto proibido dizendo que Allah só o proibira-lhes a fim de que eles não fossem dos imortais ou dos anjos (Alcorão 7:20), ocorre hoje em relação à mulher, pois Satan promete-lhes força e independência em troca de elas renunciarem a própria natureza feminina em prol da masculina.

E qual é a consequência disso? As vovozinhas estão em extinção! E assim é porque elas não foram mães no sentido pleno da palavra. Porque as mulheres não tiveram uma formação voltada para os assuntos femininos e domésticos, elas não sabem mais ser mulheres, não sabem mais ser mães e, no muito, tornar-se-ão idosas, mas não a vovó.

A busca pela igualdade de gênero e o repudio ao lar tem incapacitado as mulheres no trato dos assuntos eminentemente femininos. O efeito mais imediato disso é que as mulheres não sabem mais a respeito de parto, ficando, portanto, totalmente dependentes de um aparato hospitalar para fazer aquilo que as mulheres, desde nossa mãe Eva, sempre fizeram em casa: dar a luz a uma nova vida. Então, a figura da vovó repleta de conhecimentos e experiências a respeito de concepção, gestação e parto não existe mais, pois a vovó, no muito, teve apenas dois filhos, fez tudo o que o médico obstetra mandou fazer para, no final, ter a barriga cortada para retirada do bebê, porque ela “não teve passagem” para o parto.

Outro assunto no qual as avós tornaram-se ignorantes é a educação das crianças. Claro, as avós modernas não cresceram numa casa de muitos irmãos, primos e sobrinhos para desenvolver a experiência no trato com crianças desde cedo. Ainda que tenha tido um ou dois irmãos, a vovó de hoje, quando jovem, teve que se ocupar com a preparação para o mercado de trabalho. Mais tarde, quando teve os próprios filhos, ela os entregou, muitas vezes com poucos meses, às creches e escolas, pois ela precisava trabalhar fora. Portanto, perdemos também aquela figura da vovó repleta de conhecimentos a respeito da educação das crianças. A mulher perdeu também esse lugar para os “profissionais” especializados.

Também aquela vovó detentora de conhecimentos de medicina natural não existe mais. Elas não entendem de prevenção e tratamento de doenças por intermédio da nutrição, entendem apenas como usar o aplicativo do iFood, endentem a respeito de comprar refrigerantes, enlatados e processados e, é claro, acionar o SAMU ou o plano de saúde. Portanto, as vovós perderam relevância em mais essa área.

Por fim, as vovós deixaram de ser aquele sustentáculo da moralidade, pois, elas mesmas não apenas foram demasiadamente promíscuas na juventude, mas também, ainda enquanto anciãs, se vestem e se comportam de modo obsceno. Não aquelas anciãs que, eventualmente, cedem à pressão da juventude quanto ao uso de roupas extravagantes ou quanto aos relacionamentos promíscuos. Pelo contrário, essas condutas desviantes são instigadas pelas vovós.

O que vemos nesse cenário é a confirmação das palavras do Sagrado Alcorão. Satan propôs a desfiguração da criação de Allah, considerando semelhante aquilo que Allah fez ser diferente e retirando a mulher de seu lugar próprio, segundo as particularidades biopsíquicas delas, que é o ambiente doméstico e familiar. Essa instigação veio acompanhada de promessa de a mulher se tornar forte e independente. Contudo, porque as palavras de Satan não passam de falácias, o que a mulher tem conseguido é desfiguração da sua própria feminilidade.

Sendo assim, a extinção da vovó é consequência do esvaziamento da mulher enquanto mulher. Da mulher enquanto conhecedora do próprio corpo, dos seus processos e ciclos, enquanto pastora dos próprios filhos e enquanto uma referência de sabedoria, de experiência e de moralidade na família. Perde, portanto, a mulher, perdem os filhos, perdem os homens e perde a sociedade.