Movimento feminista islâmico: uma quebra de estereótipos rumo à afirmação de uma identidade religiosa genuína ou descrença?

Movimento feminista islâmico: uma quebra de estereótipos rumo à afirmação de uma identidade religiosa genuína ou descrença?

Nas últimas décadas, tem crescido o movimento feminista islâmico, sob, basicamente, duas perspectivas. Uma delas é a de que ideais patriarcais teriam distorcido o islam genuíno, criando um estereótipo falso da religião. Nessa perspectiva, o feminismo islâmico seria uma reafirmação de uma identidade religiosa original. A outra é a de que o islam tradicional teria se tornado arcaico e incompatível com a realidade moderna, razão pela qual o islam genuíno deveria ser reformado com uma releitura do Alcorão e da Sunnah à luz do liberalismo.

Em ambas as perspectivas, é possível encontrar algumas pautas em comum, como a igualdade de gênero, empoderamento feminino, posicionamento privilegiado da mulher na sociedade, inserção da mulher no mercado de trabalho e demais espaços públicos etc.

Apesar dos que arguem a total incompatibilidade entre o islam e os ideais feministas, a verdade é que tem crescido de forma significativa os divulgadores do islam a partir de uma perspectiva feminista. Ou, ainda que se digam aversos ao feminismo, fomentam algumas ou todas as pautas acima elencadas.
Mas, afinal, é possível chegar a uma conclusão de qual perspectiva está correta a partir dos textos islâmicos autênticos? A resposta é sim, como veremos na sequência, se Deus quiser.
Para tanto, vamos, se Deus quiser, abordar as pautas de igualdade de gênero e empoderamento feminino confrontando-as com o Alcorão e a Sunnah (o exemplo do Profeta Muhammad, que Deus o abençoe e lhe dê paz).

Igualdade de Gênero

Por igualdade de gênero, entende-se um conjunto de medidas a serem adotadas para garantir que homens e mulheres possam ter acesso às mesmas coisas, inclusive com ações afirmativas, que são discriminações para superar alguma desigualdade material. Por exemplo, a facilitação para que mulheres ocupem cargos de liderança em empresas e em órgãos públicos, quotas na concorrência para cargos políticos etc.
Os apologistas do feminismo defendem a igualdade de gênero como uma lei prescrita na Sharia (lei islâmica) citando textos como o a seguir:

“Ó homens! Por certo, Nós vos criamos de um varão e de uma varoa, e vos fizemos como nações e tribos, para que vos conheçais uns aos outros. Por certo, o mais honrado de vós, perante Allah é o mais piedoso. Por certo, Allah é Onisciente, Conhecedor.”
(Alcorão 49:13)
“… Jamais desmerecerei a obra de qualquer um de vós, seja homem ou mulher, por que procedeis uns dos outros…”
Alcorão 3:195

Ocorre que esses textos referem-se a homem e mulher no que toca a humanidade deles. Nesse aspecto, ambos são iguais. Ambos são seres humanos criados com o propósito de adorarem a Deus, mas isso quer dizer que ambos sejam iguais nos direitos e nos deveres e que ambos devam desempenhar as mesmas funções familiares e sociais? Que, por fim, dizer que não haja hierarquia entre eles? A resposta é inexoravelmente não!

Qualquer criança nos primeiros anos de vida já, naturalmente, consegue perceber que há uma diferença significativa entre homens e mulheres. É óbvio que o papai não é igual à mamãe, seja na constituição física, seja no plano emocional. E essa diferença foi criada por Deus e, obviamente, tem uma razão de ser.

“Por certo, na criação dos céus e da terra, e na alternância da noite e do dia, há sinais para os dotados de discernimento.”
Alcorão 3:190
“E quando deu à luz a ela, disse: “Senhor meu! Por certo, dei à luz uma varoa. E Allah era bem Sabedor de quem ela dera à luz “E o varão não é igual à varoa. E por certo, chamei-lhe Maria. E por certo, entrego-a e sua descendência, à Tua proteção, contra o maldito Satã.””
Alcorão 3:36

Empoderamento Feminino

Quanto ao empoderamento feminino, na perspectiva feminista segundo a qual a mulher deve ser empoderada socialmente, ocupando espaços de destaque na sociedade em todas as áreas possíveis e, na família, ter uma posição de igualdade hierárquica em relação ao marido, pai, irmãos etc., isso é totalmente incompatível com o islam e não há um único texto que corrobore isso ou incentive a mulher a buscar status social. Muito pelo contrário, a regra é para que as mulheres permaneçam no ambiente doméstico, como está escrito:

E permanecei em vossas casas, e não façais exibição de vossos encantos corporais como a exibição dos idos Tempos da ignorância. E cumpri a oração e concedei as esmolas, e obedecei a Allah e a Seu Mensageiro. Apenas, Allah deseja fazer ir-se, para longe de vós, a abominação, ó família da Casa, e purificar-vos plenamente. E lembrai-vos do que se recita, em vossas casas, dos versículos de Allah e da Sabedoria. Por certo, Allah é Sutil, Conhecedor.”
Alcorão 33:33-34

Duas das mulheres mais elogiadas no Sagrado Alcorão são a esposa de Faraó e Maria, mãe de Jesus (AS) e elas não ocuparam posição status social, mas sim estiveram no âmbito doméstico. Por outro lado, a mulher de um governador do Egito “Al-Aziz” é citada com uma insubmissa ao marido dela, tendo chegado a ponto de tentar seduzir o Profeta José (que a paz de Deus esteja com ele). Sobre ela, foi dito:

“…Por certo, vemo-la em evidente descaminho.”
Alcorão 12:30

Não só isso, as fontes sagradas islâmicas deixam claro que a esposa deve ser obediente ao marido (naquilo que não contrarie a sharia) sendo dado a este o direito-dever de, em último caso, recorrer ao castigo físico dela (observados certos critérios) no caso de desobediência, como está escrito:

Os homens têm autoridade sobre as mulheres, pelo que Allah preferiu alguns a outros e pelo que despendem de suas riquezas. Então, as íntegras são devotas, custódias da honra, na ausência dos maridos, pelo que Allah as custodiou. E àquelas de quem temeis a desobediência, exortai-as, pois, e abandonai-as no leito, e batei-lhes. Então, se elas vos obedecem, não busqueis meio de importuná-las. Por certo, Allah é Altíssimo, Grande.
Alcorão 4:34

Além de não haver amparo nas fontes islâmicas para a mulher buscar o empoderamento social, está estabelecido que o caminho para o paraíso é facilitado a elas tendo tido sucesso na missão delas enquanto esposas, como está escrito:

Umm Salamah narrou que o Mensageiro de Allah (SAW) disse:
“Toda mulher que morre enquanto seu marido está satisfeito com ela, então ela entra no Paraíso.”
Jami` at-Tirmidhi 1161

Thawban narrado:
O Profeta (SAW) disse: Se alguma mulher pedir o divórcio ao marido sem uma razão forte, o perfume do Paraíso será proibido para ela.
Jami` at-Tirmidhi 1187

Abu Hurairah narrou que o Profeta disse:
“Se eu ordenasse que alguém se prostrasse diante de alguém, então ordenaria que a esposa se prostrasse diante do marido.”
Jami` at-Tirmidhi 1159

Portanto, está claro que movimento feminista islâmico, longe de ser um resgate do islam genuíno, caracteriza-se um grave desvio, podendo chegar até ao estado de descrença ou apostasia, por desmentir os versículos de Deus. Isso, de forma alguma, quer dizer que a mulher seja oprimida pela lei islâmica. Pelo contrário, a mulher se realiza em toda a sua plenitude feminina quando se sujeita às regras estabelecidas pelo Criador dela, Deus. É Ele quem sabe melhor a respeito da própria criação. A mulher se realiza na sua plenitude sendo esposa e mãe, cuidando dos filhos e do lar enquanto é sustentada e protegida pelo marido e é nesse ambiente, inclusive, que ela terá a sua participação política ao criar os próprios filhos, ensinando-os o caminho correto e ao aconselhar o marido. Não se vislumbra opressão maior do que tirar a mulher desse espaço naturalmente dela, forçando-a a viver como se fosse um homem.

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